This Page in English
<< Best Resolution: 1024x768 pixels >>


"Ide Por Todo o Mundo:"

Tendências Tecnológicas e
a Igreja SUD no Século 21 (1)

por Marcus H. Martins, Ph.D.

Copyright 1998
All Rights Reserved



Slides da Palestra (em Inglês)

À medida em que rapidamente nos aproximamos do começo de um novo século e um novo milênio, é quase inevitável que voltemos nossos pensamentos para o futuro e tentemos visualizar algumas das possibilidades que se avizinham. Para mim, isso inclui a tentativa de visualizar o crescimento potencial d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias durante o próximo século e alguns dos requisitos e oportunidades associados com tal crescimento.

No início dos anos 70 me senti inspirado pela visão e perspectivas para o futuro da Igreja apresentadas por vários profetas, começando com o Presidente Spencer W. Kimball. Nos últimos 3 anos eu tenho adotado aquelas perspectivas como um tema sério e freqüente em meu estudo do estabelecimento e crescimento mundial da Igreja.

Combinando meus anos de experiência profissional em informática com a minha pesquisa acadêmica em sociologia da religião, eu tenho procurado imaginar: (1) que impacto algumas das tecnologias emergentes deste final de século poderão ter na implementação da missão d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no século 21; e (2) que medidas poderiam ser tomadas no presente a fim de nos preparar para esse futuro idealista mas ainda viável.
 

Longe de ser simplesmente uma discussão puramente secular desse tema, meu ofício no sacerdócio e minha posição como professor de religião me levam a focalizar esse exercício mental nas implicações eclesiásticas destas tendências tecnológicas. Mas antes de fazê-lo, devo esclarecer que meu envolvimento neste exercício intelectual decorre únicamente do meu interesse pessoal no assunto, e não do resultado de qualquer projeto ou pronunciamento oficial d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. No entanto, como o Profeta Joseph Smith certa vez uma declarou: "Todo élder tem o privilégio de falar sobre as coisas de Deus." (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p.11). Para mim esta palestra acadêmica é uma oportunidade de desfrutar deste privilégio.
 

Perspectivas Demográficas

Em 1984 o sociólogo Rodney Stark sugeriu à comunidade acadêmica que poderão existir 265 milhões de Santos dos Últimos Dias em todo o mundo por volta do ano 2080. Após pouco mais de uma década Stark observou, desta vez para o seu próprio assombro, que em 1996 sua projeção original para aquele ano já havia sido ultrapassada em quase um milhão de membros.

Hoje (i.e. 1998), Santos dos Últimos Dias somam mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Se nós experimentalmente aceitássemos a projeção de Stark como uma meta potencial, com aproximadamente 81 anos para alcançar a data projetada, seríamos forçados a perguntar: Onde e como poderíamos achar, ensinar, batizar, e (quiçá) reter estes 255 milhões de Santos dos Últimos Dias adicionais? Nos últimos anos deste século a Igreja tem experimentado um crescimento de aproximadamente 300.000 novos conversos anualmente. Considerando que muitos entre os membros do futuro serão descendentes de membros da atualidade e de futuros conversos, ainda assim, a fim de alcançar a marca de 265 milhões precisaríamos batizar mais de 1 milhão de conversos anualmente começando em 1999!

Quando consideramos o mandamento divino de pregar o evangelho a cada criatura, os números tornam-se ainda mais imponentes. A população mundial atual é de 5,9 bilhões de indivíduos. Projeções demográficas recentes publicadas pela Divisão Populacional das Nações Unidas prevêm que-se todas as variáveis pertinentes permanecerem constantes--no ano 2050 a população mundial poderá alcançar a marca de 9,4 bilhões de pessoas.

Se batizássemos 1 milhão de indivíduos a cada ano, ainda assim levaríamos 5.900 anos para batizar um número equivalente à população atual. Muito embora o Senhor tenha nos ordenado a pregar o evangelho a cada criatura mas batizar somente os que crerem (ver Marcos 16:15; Doutrina e Convênios 18:28; 68:8; 112:28), ainda assim estes números claramente mostram que a tarefa adiante é simplesmente monumental.

Um dos obstáculos à missão da Igreja de pregar o evangelho a cada criatura é o fato de que a população do mundo vive separada por vastas distâncias. No final do século 20, aproximadamente 45 por cento da população mundial residia em áreas urbanas. Relatórios das Nações Unidas declaram que em 1996 havia perto de 2,7 bilhões de pessoas vivendo em áreas urbanas. Dentre esses, 806 milhões (em torno de um terço da população urbana total) viviam em 338 cidades e áreas metropolitanas com populações ao redor ou acima de 1 milhão de habitantes, e outros 880 milhões de pessoas (aproximadamente mais um terço da população urbana total) viviam em 3.015 cidades com populações ao redor ou acima de 100.000 habitantes.

Os 976 milhões restantes viviam em cidades pequenas com 2.500 ou mais habitantes. Arbitrando uma média populacional por cidade, esta população remanescente seria grande o suficiente para ocupar 39.000 cidades adicionais de 25.000 habitantes(2). E esses números não levam em conta a população rural do mundo--um número próximo de 3,2 bilhões de pessoas, representando aproximadamente 54 por cento da população mundial de 1996, a maioria localizada em lugares longínquos e sem números mínimos para criar e manter unidades permanentes da Igreja.

A lógica indica que a nossa próxima pergunta deve ser: Como a Igreja pode realizar a formidável missão de contactar, ensinar, batizar, e mais tarde nutrir grandes populações espalhadas por vastas distâncias?
 

Uma Visão Profética

Em 1974, Presidente Spencer W. Kimball declarou o seguinte: "Tenho fé de que o Senhor abrirá as portas quando fizermos tudo a nosso alcance. Acredito que o Senhor está ansioso para por em nossas mãos invenções que nós, leigos, mal podemos compreender." (Teachings of Spencer W. Kimball, p.587). Esta declaração me impressionou profunda e permanentemente desde a primeira vez que a li.

Tecnològicamente falando, estamos a anos-luz de dos níveis existentes em 1974. Hoje gozamos de avanços tecnológicos que estavam além da nossa imaginação 24 anos atrás: computadores portáteis com processadores ultra-rápidos; programas de computador--tais como processadores de texto, planilhas eletrônicas, bancos de dados, correio eletrônico, e uma miríade de outros programas que pesquisam e divulgam toda espécie de informação que reduzem consideravelmente o tempo gasto em várias tarefas educacionais e administrativas--armazenagem e transmissão de dados via raios laser; redes de telefonia digital; televisão a cabo e via satélite, etc. E nós não apenas desfrutamos destas maravilhas tecnológicas, mas também observamos um fenômeno que aparece ser exclusivo a este século: a produção em massa e a subsequente popularização dessas tecnologias de ponta-até mesmo nos países em desenvolvimento.

Mas tendo considerado estes fatores, devemos perguntar: Quem disse que já alcançamos o pináculo do desenvolvimento tecnológico? Proponho que quando consideramos as possibilidades atuais para um futuro não muito distante, podemos concluir que estamos no limiar de avanços tecnológicos que terão tão grande um impacto em nossas vidas e no cumprimento da missão da Igreja no século 21 como o rádio, o telefone, a televisão, e o automóvel tiveram na vida das pessoas no início do século 20.
 

Visões de um Futuro Concebível

Há algum tempo venho concebendo algumas "visões" ou "sonhos" para o uso de algumas tecnologias emergentes num futuro não muito distante--possivelmente dentro dos próximos 50 anos. Embora uma discussão mais profunda da viabilidade econômica ou dos atuais obstáculos técnicos estejam além do âmbito desta palestra, eu espero que isto ainda venha a ser o início de uma conversa frutífera sobre possibilidades espetaculares.

Missionários Domésticos
No seu prefácio ao livro de Doutrina e Convênios o Senhor afirmou que não haveriam obstáculos a seus servos em sua missão de levar a voz de advertência às nações (Doutrina & Convênios 1:4-5). Uma vez que um dos desafios a ser sobrepujado é a distância, eu vislumbro o advento de missionários de tempo parcial que poderiam ensinar o evangelho a partir de seus próprios lares usando um equipamento de comunicação que por si só substituiria os nossos atuais televisores, computadores, e telefones, possivelmente usando uma versão muito mais avançada da atual tecnologia WDM (wavelength division multiplexing) baseada em transmissões via raios laser.

Com tal equipamento nós poderíamos ter literalmente milhões de "missionários domésticos" servindo em tempo parcial. Estes seriam membros regulares da Igreja que ao invés de "bater em portas ou tocar campanhias" seriam designados a "tocar nas antenas parabólicas" das famílias do mundo e apresentar uma palestra introdutória sobre o evangelho restaurado usando recursos de multimídia e realidade virtual. Ainda nos anos 70 o presidente Spencer W. Kimball sugeriu o seguinte:

"Usaremos as invenções que o Senhor nos tem dado para despertar interesse e familiarizar as pessoas do mundo com as verdades; para eliminar seus preconceitos e lhes dar um conhecimento geral. Necessitaremos responder perguntas específicas, e talvez isso possa ser feito por meio de rádio e TV aperfeiçoados a um ponto além da nossa imaginação atual. É concebível que tal programa grandemente aperfeiçoado possa ser multiplicado dez mil vezes em dez mil línguas e dialetos em dez mil lugares distantes e próximos. ... Dezenas de milhares de jovens missionários investidos com o poder do alto prosseguiriam com o proselitismo." (Teachings of Spencer W. Kimball, pp.588-589)
Idiomas não seriam mais obstáculos. Uma nova geração de computadores talvez usando a futura tecnologia de computação quântica--milhões de vezes mais rápidos que o mais veloz microprocessor disponível em 1998--combinada com software de tradução em real-tempo usando inteligência artificial, poderia ajudar-nos a facilmente sobrepujar barreiras culturais e lingüísticas. Estes equipamentos de comunicação doméstica do futuro poderão até mesmo simular nossas vozes, fazendo com que pessoas distantes ouçam o que pareceria ser nossa própria voz. Num futuro um pouco mais distante, podemos vislumbrar o advento de uma versão mais refinada da tecnologia de realidade virtual com imagens em três dimensões, o que faria com que esses missionários domésticos pudessem ver e sentir como se estivessem na presença de seus investigadores e vice versa.

Ramos Virtuais
Usando essa versão mais refinada da tecnologia de realidade virtual com imagens em três dimensões, as pessoas que vivem em locais muito distantes poderiam um dia ser capazes de assistir as reuniões dominicais da igreja sem sair de seus lares. Veriam, ouviriam, sentir-se-iam, e reagiriam como se estivessem numa capela de verdade. Apesar do fluxo migratório contínuo em direção de áreas urbanas, as projeções atuais indicam que próximo do ano 2030 uma porcentagem significativa da população mundial ainda estará vivendo em áreas esparsamente povoadas, onde a construção de capelas permanentes poderá ser inviável. Dispositivos de comunicação avançados poderão ser o único meio através do qual estas populações futuras de Santos dos Últimos Dias poderiam ser contactadas e nutridas.

Para alguns esta idéia pode aparecer ser inadmissível. Entretanto, devemos lembrar dois dos principais objetivos das reuniões dominicais: (1) adorar o Senhor e (2) instruir e edificar uns aos outros através do ministério da palavra de Deus pelo poder do Espírito Santo. Sob esta ótica, a idéia de assistir a uma reunião virtual não soa tão absurda. Ordenanças como o sacramento poderiam ser realizadas parcialmente ao vivo e parcialmente eletrônicamente. Cada indivíduo ou família teria que proporcionar seu próprio pão e água. Depois do hino sacramental, um sacerdote (talvez a milhares de quilômetros de distância) ofereceria as orações sacramentais da forma costumeira e cada indivíduo ou família partilharia do pão e água.

Lições da escola dominical poderiam ser proporcionadas pelos próprios membros, os quais teriam chamados nestes "ramos virtuais" tal qual os chamados nos ramos "físicos". A tecnologia não desviaria a atenção dos membros nem substituiria professores; ela seria apenas o meio de aumentar o raio de ação dos recursos humanos da Igreja.

Transmissões Virtuais de Conferências Gerais
No século 20 só uma pequena porcentagem dos membros da Igreja teve a oportunidade de ir à Praça do Templo e desfrutar da experiência e a inspiração proporcionadas ao se assistir a uma conferência geral ao vivo. Tecnologia de imagens mais avançada e comunicação via laser poderão num futuro não muito distante permitir que números cada vez maiores de Santos dos Últimos Dias possam assistir todas sessões das conferências gerais da Igreja tal como se eles realmente estivessem no futuro prédio de reuniões sem sair de seus lares. Seriam capazes de ver, de ouvir, e de sentir-se como se estivessem assistindo em pessoa, sendo inclusive capazes de escolher de que ângulo gostariam de assistir os procedimentos. Poderiam também escolher se assistiriam os procedimentos ao vivo ou posteriormente.
 

Tecnologias Emergentes e o Trabalho Templário
Há alguns anos, em minha imaginação do século 20, eu considerei o advento de templos menores (Martins, 1995.) Eu ainda me lembro da idéia sendo posta em dúvida pelas minhas platéias. Embora eu não consiga vislumbrar o advento de "templos virtuais," eu posso contudo vislumbrar a cerimônia de investidura sendo apresentada com tecnologia visual mais avançada, colocando os indivíduos praticamente no meio dos cenários e ações. A princípio isto pode soar tão estranho para alguns de nós como deve ter soado para muitos Santos dos Últimos Dias do século 19 a idéia de um dia participar da cerimônia de investidura por meio de um filme.

No que se refere ao número de templos, se imaginarmos um templo em cada grande centro urbano do mundo, digamos, cidades com uma população de 100.000 ou mais habitantes, nós poderíamos imaginar a existência de mais de 3.000 templos por todo o mundo. Meios de transporte ultra-rápidos, sucessores dos nossos atuais trens, ônibus, e automóveis--talvez acionados por levitação magnética ou outra tecnologia anti-gravidade, permitiriam aos membros frequentar fàcilmente um templo a 800 quilômetros de distância, após uma viagem de possivelmente não mais que uma ou duas horas de duração.

Enquanto na obra missionária nós batizamos somente os que crêem, no trabalho templário executamos ordenanças para todas as pessoas falecidas acima da idade da responsabilidade. Com isso, a existência de milhares de templos no futuro faz sentido. Isto não só se traduziria em bilhões e bilhões de ordenanças, mas também em bancos de dados de capacidade quase inimaginável nos dias de hoje necessários para a manutenção de registros e para a coordenação do trabalho em todos os templos do mundo. Tecnologias emergentes em armazenagem de dados forma de luz em cristais também sugerem a possibilidade de bancos de dados mundiais, os quais possibilitariam acesso fácil e rápido à dados genealógicos e registros de ordenanças templárias.
 

De Volta à Terra: Possíveis Obstáculos à Realização da Visão
Depois de considerar estas possibilidades espetaculares para o futuro, devemos retornar à realidade do presente e considerar a plausibilidade de tal visão. Além dos obstáculos técnicos previamente mencionados nós podemos listar como possíveis impedimentos adicionais à realização da visão: (a) flutuações no volátil sistema financeiro global; e (b) "micro-guerras," ou disputas regionais dentro de uma única nação ou entre nações vizinhas.

Estes foram problemas freqüentes durante todo o século 20. Não obstante, podemos argumentar que apesar de tantos obstáculos e contratempos, se considerarmos todas as variáveis pertinentes, muitas nações alcançaram níveis razoáveis de desenvolvimento. Embora muitas áreas do mundo ainda sofram os efeitos da pobreza crônica e suas conseqüências, em general estes problemas parecem acontecer em nações onde os benefícios das economias de mercado e regimes democráticos vieram muito tarde, geralmente nas últimas 2 ou 3 décadas do século.

Ao estudarmos o estabelecimento e desenvolvimento de democracias nos últimos 200 anos, notamos que o processo democrático parece sofrer o efeito de ciclos de vida e curvas de aprendizado. O estabelecimento de novas sociedades democráticas, especialmente em substituição a antigos regimes autocráticos, requer mudanças profundas em filosofias políticas, expectativas públicas, níveis de participação cívica, e apoio internacional. Até a primeira metade do século 20 poucas democracias gozaram dos benefícios da combinação de todas estas variáveis. Aliás, até recentemente a comunidade international era em general mais inclinada a apoiar regimes que perpetuassem velhas teorias colonialistas e valores etnocêntricos do que a apoiar regimes democráticos e igualitários.

Se as novas democracias do final do século 20 receberem a ajuda adequada não só no âmbito econômico e financeiro mas também no educacional, podemos prever uma era de prosperidade razoável para cada um desses países. Por "prosperidade razoável" entenda-se a implementação de refinamentos macro e microeconômicos que capacitarão estas nações a garantir a seus cidadãos níveis satisfatórios de saúde, educação, e acesso a utilidades públicas, para contentamento social em geral. A chave para o sucesso nesse empreendimento está em não esperar que todo o mundo desfrute do mesmo estilo de vida consumista e materialístico e dos altos níveis de ostentação das nações mais industrializadas.

Com a crise financeira global de 1998 ainda na memória recente, alguns podem questionar a plausibilidade de tal crença. Afinal de contas, bilhões de dólares em pesquisa básica e aplicada seriam necessários para obter-se as maravilhas tecnológicas vislumbradas aqui. Em resposta, podemos lembrar que todos os desenvolvimentos tecnológicos do século 20 foram alcançados em meio a muitos obstáculos: duas guerras mundiais, uma série interminável de micro-guerras, grandes depressões econômicas, e crises globais de petróleo.
 

A Visão da Fé
Neste ponto o sociólogo cede o lugar ao sumo sacerdote. De um ponto de vista puramente secular poderíamos nos limitar a dizer que grandes adaptações seriam necessárias nos sistemas políticos e financeiros mundiais, e lacônicamente encerrar esta palestra. Mas uma vez que estamos lidando com o mandato divino de proclamar o evangelho de Jesus Cristo em todo o mundo, nós temos que adicionar fé inabalável ao nosso estudo e explorar nossa visão mais amplamente.

O Profeta Joseph Smith ensinou: "a inteira criação visível, tal como agora existe, é o efeito da fé" (Lectures on Faith, p.62). Assim sendo, por quê não aceitar a idéia de que nosso trabalho na edificação do reino de Deus também deve ser o resultado de fé? Uma vez que fixemos nossas mentes nessa idéia, buscamos nas escrituras promessas específicas que fortalecerão nosso expectativa de um futuro brilhante.
 

Encontrando Recursos para Avançar a Obra do Reino
Para começar, devemos manter em mente que Deus vive e que só ele tem pleno controle sobre a terra e o plano de salvação--não os homens nem seus governos mortais imperfeitos e transitórios.

Presidente Kimball prometeu: "o Senhor abrirá portas quando fizermos tudo ao nosso alcance." (Teachings of Spencer W. Kimball, p.587) O Salmista escreveu: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam" (Salmos 24:1). Numa revelação ao Profeta Joseph Smith, o Senhor elaborou dizendo:

"Eu, o Senhor, estendi os céus, e formei a Terra, obra de minhas mãos; e as todas coisas que neles há são minhas. E é meu propósito suprir a meus santos, pois todas as coisas são minhas. ... Pois a Terra está repleta, e há bastante e de sobra; sim, preparei todas coisas e permiti que os filhos dos homens fossem seus próprios árbitros."(Doutrina e Convênios 104:14-15,17)
Quando o Senhor autorizou o rei Salomão a construir um templo magnífico na antiga Israel, muitos dos materiais de construção vieram de países estrangeiros. Dessa mesma forma, nos últimos dias antes da Segunda Vinda podemos esperar que o Senhor inspire muitos entre seu mordomos por toda a terra a apresentar-se e contribuir livremente de sua substância--que pertence ao Senhor-para ajudar a edificar o reino de milenar de Cristo. O Senhor é Deus; ele pode inspirar os líderes das nações por meio da ministração de anjos e de sonhos tão poderosos que estes líderes sentir-se-ão constrangidos a agir de acordo com a vontade do Senhor. Por quê duvidar disso?

Nos primeiros tempos desta dispensação o Senhor instruiu o Profeta Joseph Smith a fazer uma proclamação aos reinos da terra a fim de ajudarem a construir uma casa ao Senhor, o templo de Nauvoo. Naquela época o Senhor declarou:

"Esta proclamação será feita a todos os reis do mundo... ao ilustre presidente eleito e aos nobres governadores da nação em que vives e a todas as nações espalhadas pela face da terra. Que seja escrita com espírito de mansidão e pelo poder do Espírito Santo, que estará em ti quando a escreveres; ...

"Pois eis que estou prestes a conclamá-los para darem ouvidos à luz e à glória de Sião, porque chegado é o tempo determinado para favorecê-la. Conclama-os, portanto, com uma proclamação vigorosa, e com teu testemunho, sem os temer, porque eles são como a erva, e toda sua glória como a flor da erva que logo cai ...

"E também os visitarei e abrandarei o coração de muitos deles para o vosso bem, para que encontreis graça aos olhos deles, para que venham à luz da verdade e os gentios, à exaltação ou, em outras palavras, ao enaltecimento de Sião. ... Despertai, ó reis da terra! Vinde, ó vinde com vosso ouro e vossa prata, em auxílio de meu povo ..." (Doutrina e Convênios 124:3-7,9,11)

Com este mandato divino em mente, os únicos verdadeiros obstáculos à realização destas coisas seriam nossa incredulidade e falta de preparação. Portanto, concluímos que esta é uma hora de fé, não de dúvida. A Igreja deve provar ao Senhor que está pronta e disposta a crescer em índices até o momento considerados inimagináveis.
 

Preparação para o Futuro
Após discutirmos possibilidades tecnológicas e a aceleração do cumprimento da missão da Igreja, a boa lógica indica que a próxima pergunta é: Que medidas poderiam ser tomadas no presente a fim de ajudar na nossa preparação para esse possível futuro que idealizamos?

O Senhor declarou em Doutrina e Convênios que a fim de nos prepararmos para magnificar nossos chamados nós necessitaríamos ser "instruídos mais perfeitamente":

"... em teoria, em princípio, em doutrina, na lei do evangelho, em todas coisas pertinentes ao reino de Deus, que vos convém compreender; Tanto coisas do céu como da Terra, e de debaixo da Terra; coisas que foram, coisas que são, coisas que logo hão de suceder; coisas que estão em casa, coisas que estão no estrangeiro; as guerras e complexidades das nações e os julgamentos que estão sobre a terra; e também um conhecimento de países e reinos" (Doutrina e Convênios 88:78-79).
Tal declaração sugere que um dos passos a nossa preparação é a educação contínua numa variedade de assuntos seculares. Um outro aspecto de nossa preparação para o futuro envolve a dimensão financeira do reino. O Senhor disse ao Profeta Joseph Smith que a terra de Sião deverial ser adquirida por compra ou por sangue, e ele imediatamente adicionou que nesta dispensação nós somos proibidos derramar sangue (Doutrina e Convênios 63:29-31). Uma vez que necessitamos de alimentação adequada, abrigo, vestuário, e outras necessidades básicas; e já que no mundo de hoje estes itens só podem ser obtidos com dinheiro, nossos empreendimentos educacionais e profissionais tornam-se uma parte integral do processo de estabelecer Sião. Isso nos permite e nos justifica em pedir o apoio do Senhor para essas buscas aparentemente temporais ou seculares. Todas estas coisas são espirituais para o Senhor. Cabe aos membros da Igreja provar ao Senhor que estão prontos para receber as bênçãos e para viver de acordo com os padrões mais elevados associados à essas bênçãos.

Mas como o Senhor pode abrir portas--ou canais de satélite--pelo mundo afora quando Santos dos Últimos Dias muitas vezes não batem nas portas de seus vizinhos? Como pode o Senhor confiar milhões de conversos aos nossos cuidados qundo ainda não dominamos a arte de reter as dúzias existentes em nossas alas e ramos?
 

Milagres Acontecem em Todas as Áreas do "Campo Missionário"
Outro passo importante em nossa preparação como Igreja e povo é o de obter um maior entendimento das ferramentas espirituais disponíveis para o trabalho. Poderemos ser abençoados ao usar estes dons milagrosos numa muita escala maior pelo mundo afora depois que nos familiarizarmos com seu uso nas nossas próprias alas e ramos.
 

Quando usamos termos tais como "o mundo" ou "o campo missionário," podemos cair na armadilha de pensar que estes termos se referem somente a lugares exóticos distantes em terras estrangeiras. Em realidade, não se pode esquecer que mesmo o estado de Utah, o sudeste do estado de Idaho, ou outras áreas com grande presença SUD são parte integral do "mundo". O termo "campo missionário" tornou-se uma expressão comum no discurso contemporâneo SUD, normalmente usado para se referir a lugares em terras longínquas.

Entretanto, eu proponho uma definição mais ampla para este termo: o "campo missionário" é qualquer lugar onde a missão tríplice da Igreja está sendo implementdada. Em outras palavras, o campo missionário é qualquer lugar onde exista uma única alma ainda a ser batizada, ou uma única alma ainda a ser trazida de volta à plena integração ou plena atividade na Igreja de Jesus Cristo. Ou qualquer lugar onde exista uma única alma que ainda precise receber sua própria investidura na Casa do Senhor.

Seguindo esta definição mais ampla, o "campo missionário" é qualquer lugar onde há indivíduos que ainda não consigam traçar suas "linhagens familiares do sacerdócio" até nosso pai Adão e nossa mãe Eva. Enfim, o "campo missionário" é qualquer lugar na terra onde existam pessoas justas que ainda precisem receber a confirmação de seu chamado e eleição e ser admitidos na presença de Deus.

Com esta perspectiva mais ampla em mente vem a compreensão de que o lugar aonde residimos é aonde devemos esperar por milagres, e não em algum lugar exótico longínquo. Considero a possibilidade de que milagres não ocorram mais freqüentemente entre nós em parte porque freqüentemente esperamos que eles aconteçam em algum outro lugar. Uma pessoa pode sonhar em pregar o evangelho e operar milagres em lugares estrangeiros e tornar-se negligente e casual no seu serviço do outro lado da rua.

Ocasionalmente, alguns podem pensar que já são suficientemente fortes na fé, ou que por algum efeito genético eles sempre serão ativos e fortes no reino. As escrituras não suportam tais crenças (ver 2 Pedro 3:17; Doutrina e Convênios 20:32-34; 84:43). Uma vez que ainda não tenhamos sido re-admitidos na presença de Deus, não podemos nos considerar nem seguros nem suficientemente fortes no reino. Serviço mútuo e orações podem ser muito eficientes em evitar os efeitos da letargia e apatia espiritual. Por meio de ensino inspirado mútuo e serviço nós aprenderemos os princípios dos quais ainda somos ignorantes e eventualmente seremos elevados a altitudes espirituais ao nosso alcance ainda não atingidas.
 

Futuras Altitudes Espirituais
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias sempre irá adiante sob liderança inspirada. Os Santos dos Últimos Dias fiéis não podem se dar ao luxo de cair em letargia nem apatia espiritual. A simples frequência semanal às reuniões da Igreja sem a expectativa de receber ou de compartilhar luz e conhecimento adicionais, embora aceitável sob padrões gerais, não trará os benefícios plenos do dia do Senhor. Os membros fiéis devem buscar constantemente experimentar o poder de Deus através da leitura das escrituras, ou através da "escrita de revelações pessoais", e através de ponderação e oração. Se não esperamos nada espiritualmente novo em nossos lares, alas e ramos, como podemos sonhar em prestar deixar serviço milagroso na Rússia, na Nigéria, ou na China? Se a nossa religiosidade individual não está "acesa" em nossos lares, alas, e ramos, como podemos sonhar em acendê-la em outros em países estrangeiros?

A época de crescermos a índices nunca vistos parece ter chegado. No futuro, estudiosos da história de Igreja e membros em geral certamente reconhecerão o papel-chave que o Presidente Gordon B. Hinckley terá tido em iniciar e consolidar o impulso que mudará a face da Igreja para sempre. Ao contemplarmos sua liderança inspirada até este momento, nós vemos ampla evidência de uma "mudança de ritmo." Quando consideramos o número de novos templos em construção, as suas muitas viagens ao redor do mundo--onde mais da metade da população da Igreja teve a chance ouvir um presidente atual da Igreja em pessoa pela primeira vez, e as entrevistas que concedeu à imprensa mundial; quando todos estes elementos são considerados, já podemos ver que Presidente Hinckley está começando a abrir portas que nos levarão a altitudes espirituais que nós talvez nunca tenhamos imaginado serem possíveis. Em breve veremos "comportas celestiais" serem abertas e sempre que isto acontece a consequência é uma torrente formidável de conversos (ver Alma 23:1-7; Helamã 3:24-26; 5:48-52).

O futuro, para aqueles que se esforçam por viver em retidão e em servir ao Senhor, é majestoso, cheio de bênçãos temporais e espirituais maravilhosas, e chamados e designações altamente significativos. No futuro, estes chamados e designações muito provavelmente envolverão o ensino e a integração de milhões de membros e não-membros da Igreja em todas partes do mundo. As palavras do Presidente Kimball parecem nos desafiar a buscar o futuro com fé e coragem: "Os problemas do mundo não podem ser resolvidos por céticos nem cínicos cujos horizontes estão limitados pelas realidades óbvias. Precisamos de homens [e mulheres] que possam sonhar com coisas que nunca existiram e perguntar: 'Por que não?'" (Teachings of Spencer W. Kimball, p. 487; parêntesis adicionado).

 


 

Bibliografia:


Correspondência:

Marcus H. Martins, Ph.D.
Chefe, Departmento de Educação Religiosa
Brigham Young University-Hawaii

Laie, Hawaii, USA   96762
E-mail: martinsm@byuh.edu

Voltar para a "Home Page"

Visitantes (desde o verão de 2001):

Web Counter by Net Digits


Notas:

1. Esta é uma versão expandida e atualizada de uma palestra acadêmica apresentada para professores, alunos, e funcionários do Ricks College (em Rexburg, Idaho, EUA) no dia 8 de Outubro de 1998, como parte do "Issues and Events Lecture Series."  Esta palestra também foi gravada em vídeo pela KBYU-TV e BYU-TV em conexão com o Simpósio Sidney B. Sperry, realizado em 30 de Setembro de 2000.

2. Meus agradecimentos a dois colegas, Professores John Nielsen, do departmento de geografia do Ricks College, e Tim Heaton, do departmento de sociologia da Brigham Young University, por suas valiosas sugestões ao meu esforço de estimar o número de cidades existentes no mundo.